RPG 'Fable 2' cria aventura com ação e humor no Xbox 360
Jogo tem mundo de fantasia rico em detalhes e acontecimentos.
Game é produzido por Peter Molyneux, mesmo de 'Black and white'.
Peter Molyneux é um dos maiores entusiastas da indústria dos games. Um dos poucos que sempre buscam romper a fronteira do que os jogos podem oferecer. Ele é considerado o criador dos “jogos de Deus”, com o clássico “Populous” (1989), a quem o aclamado “Spore” deve muito de sua inspiração. “Syndicate”, “Dungeon Keeper”, “Black and white" e “The movies” são outros sucessos de sua carreira.
Mas o inglês também já ganhou fama de dar passos maiores que as pernas. Antes do lançamento do RPG “Fable”, em 2004, por exemplo, ele cravou: “Vai ser o melhor jogo de todos os tempos”. Alguns meses depois ele se desculpou por ter prometido recursos e possibilidades que não estavam na versão final do game.
O cotidiano dos heróis de 'Fable II' tem mais que pedras pelo caminho (Foto: Divulgação)
Nos últimos anos, Molyneux tem falado bastante sobre “Fable II”, jogo produzido pelo Lionhead Studios e pela Microsoft para o Xbox 360. Mas dessa vez ele conteve a empolgação e só comentou sobre aquilo que ele tinha certeza que estaria no jogo. “Acho que você vai dizer ‘Isso é muito mais do que eu esperava’”, disse Peter a um site britânico especializado em games.
E, sendo um daqueles que ficaram de certa forma desapontados com “Fable”, estou feliz de dizer que “Fable II” é, de fato, muito mais do que eu esperava. Ele entrega tudo aquilo que Molyneux prometeu desde os primeiros anúncios, apresentando um mundo vivo, em constante mudança e cheio de aventura. Não é perfeito – o que Molyneux já reconheceu – mas é uma das experiências mais apaixonantes que você pode ter no Xbox 360.
Múltipla escolha
Seu primeiro dilema é simples: você quer ser um menino ou uma menina? No instante seguinte à escolha, você é solto pelas ruas cobertas de neve da cidadezinha de Bowerstone, onde, junto com sua irmã Rose, sai à caça de moedas. Depois de salvar um filhote de cachorro e tocar uma caixinha de música, você e a irmã são “convocados” pelo misterioso Lord Lucien. Ele tira a vida de Rose e tenta matar você, mas não consegue.
Dez anos depois, você é um adolescente com uma missão: vingar a morte de sua irmã. Sua jornada acontece em um mundo vasto, extremamente detalhado, com campos verdejantes, cidades alvoroçadas e cavernas (dungeons) mortais, com dezenas de missões até o confronto final com Lucien.
Prepare-se para passar boas horas explorando as cidades do mundo de Albion (Foto: Divulgação )
O cenário é o mundo de Albion, um dos elementos mais impressionantes de “Fable II”. As paisagens mudam constantemente, não apenas com a passagem da noite para o dia, mas também com as diferentes estações do ano. Você pode se comunicar com praticamente qualquer pessoa que encontra, e pode entrar em qualquer casa de Albion.
Assim como em qualquer RPG, seu personagem evolui conforme você avança: os ataques ficam mais fortes, você aprende magias mais poderosas e pode comprar equipamentos melhores. Mas em “Fable II” as suas decisões também influenciam. Desconhecidos reagem de maneira diferente se você tiver uma má reputação, e se você for realmente “do mal” vai ganhar uma indecente doença de pele. Você também pode se casar, comprar uma casa e ter filhos, ou simplesmente ter relacionamentos com quantas pessoas puder seduzir – vale até dar presentes. Mas fique atento: doenças venéreas são uma ameaça real em “Fable II”.
O melhor amigo do homem
Mas o relacionamento mais importante em Albion vai ser com o cachorro que você resgatou no começo do jogo. Ele é uma das criaturas mais adoráveis já vistas em um game – um personagem secundário com mais personalidade que muitos heróis famosos por aí. A equipe de animação do estúdio Lionhead obviamente passou um bom tempo estudando o comportamento de cachorros, porque esse mascote se parece mesmo com a criatura da vida real. Ele é uma companhia sem igual, que sai por aí farejando tesouros, alertando sobre inimigos e ajudando na hora do “vamos ver”, quando alguma briga começa.
Mas “Fable II” não tem uma história das mais originais. O roteiro parece, muitas vezes, ser apenas uma coletânea de elementos que você já viu em outros épicos do gênero fantasia – de “Mil e uma noites” até “O senhor dos anéis” e, quem sabe, “Harry Potter”. Mas as referências vão irritar na mesma proporção que vão satisfazer os seguidores de RPG – existe até uma referência esperta à “BioShock”, o grande game de aventura e ficção científica de 2007.
Você começa o jogo como criança, vira adolescente e, se der certo, pode ser um guerreiro adulto respeitável (Foto: Divulgação)
Um problema um pouco maior é o combate, simplificado demais: você aperta um botão para ataques de curto alcance (espadas, machados), outro para ataques de longo alcance (armas de fogo, flechas) e outro para magias. Da mesma forma, a maioria das “dungeons” são lineares demais para jogadores de RPG experientes. Mas o mundo de Albion é tão bonito, que você vai passar muito tempo simplesmente andando sem rumo, apenas “procurando a próxima missão”.
Apesar de tudo, eu fui realmente sugado pelo mundo de “Fable II”. O jogo não reinventa os RPGs, mas transforma o gênero em algo acessível aos novos jogadores, ao mesmo tempo em que oferece ação mais que suficiente para agradar o mais extremista dos aficcionados. É praticamente irresistível.
Fonte (G1)
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